Por Geraldo Lima
Estou
prestes a adentrar uma região vasta, assustadoramente vasta. Mundo ermo,
movediço, imprevisível. A partir daquele ponto ali, onde a luz cega e alucina,
meu ser vagará à deriva, entregue aos caprichos da sedução.
Posso,
nesse caso, fechar os olhos e tapar os ouvidos, blindando-me contra o fascínio da beleza e a magia da voz.
Poderia, inclusive, fazer meia-volta e retornar daqui, onde sinto ainda a
terra, firme e segura, sob meus pés. Poderia. Mas uma força extrema me arrasta
para fora de mim. Ah, um deus furioso deve ter me atirado nessa aventura
insana, pois nunca alimentei em mim tanto desvario.
Ouço o
canto da sereia e avanço despido de razão e prudência.
4 comentários:
Amei!
Tem poesia aqui, Geraldo Lima. Dá para ler com a alma.
Parabéns!
Gosto do recurso da intertextualidade, ainda mais quando bem usado. O risco eterno de quem não se satisfaz dentro da zona de conforto, e atira-se rumo ao desconhecido.
Talvez os mitos continuem explicando mais do que as soberbas teologias da modernidade, talvez...
Obrigado, Ceres, pela leitura e pelo comentário generoso. Um abraço, amiga.
Fernando, gosto desta expressão "zona de conforto". Costumo usar a expressão "eixo de comodidade. Tirar o leitor do seu eixo de comodidade. É isto: deixá-lo sem apoio, à deriva, como Ulisses, até se encontrar outro. Valeu! Um abração.
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