Por
Geraldo Lima
Surpreendeu-o
em meio a um devaneio qualquer. Uma dessas fugas que costumamos empreender sem
sair do lugar. O pensamento dele estava tão distante, tão entranhado na coisa
pensada, imaginada, desejada, talvez, que nem se deu conta de que ela estava
ali, a vasculhar-lhe alma em silêncio de escafandrista.
– Em
que estava pensando, perguntou-lhe enfim, sufocando, no entanto, a pergunta que
latejava na garganta: Em quem estava pensando?
Soubesse,
não teria chegado naquele momento: de onde estava (ou com quem estava em
pensamento) até ali, ele se perdeu, e quem ergueu os olhos e a fitou com
espanto foi outro que ela via pela primeira vez.
3 comentários:
Dessas fugas imaginadas, percebidas por quem não percebemos e de quem nada escondemos.
abço!
Assim, coração na mão, mente nos olhos... Acontece!
Conhecemos as pessoas nos momentos mais impróprios. Ou não. Nos momentos mais estranhos. Ou não.
E com toda a certeza ela viu o outro que nele habitava, toda a vez que fugia, toda a vez que se deixava levar para longe dali. Ela, por certo, se surpreenderia consigo mesma, se conseguisse ver realmente em que ele estava mergulhado totalmente de alma...
Parabéns!
Excelente conto!
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