* Os três primeiros capítulos do folhetim podem ser lidos AQUI
4 –
Mais de um mês depois, após as férias, na sala de aula: “Marina
– chamou Geisel, virando a cabeça para trás, rumo à cadeira dela.” “O quê?”
“Lembra daquela moça que eu conheci um tempo atrás na praça? Aquela sua
colega?” “Ah, a Jéssica?” “É.” Eles falavam num tom de voz baixo, pois no
momento um homem de óculos dava aula de Teoria
da Região e Regionalização. “Você não telefonou pra ela, né. Ê,
Geisel – disse Marina. – Mas talvez nem compense... Parece que ela te ligou,
mas você não estava em casa.” “E você nem me disse!” “Eu esqueci.” “Qual o
telefone dela? Eu vou ligar pra bater um papo... Tem algum problema?” “Uai, acho
que não.” “Qual é?” Marina, sem vontade, deu o número do telefone de Jéssica a
Geisel.
5 –
“Jéssica?” “Sim, é ela. Quem fala?” “É o Geisel, se lembra de mim?” “Geisel
– exclamou. – Claro que lembro! –
com empolgação. – Que legal você ter ligado. Eu liguei duas vezes para
você, mas em nenhuma delas ninguém atendeu. Marina lhe falou?” “Não. Na verdade ela me disse
ontem, quando eu pedi a ela o seu telefone. Ah, eu não liguei porque eu perdi
seu número.” “Nem vem. Eu não lhe desculpo.” “Que isso! Eu só não liguei porque logo depois que nós nos
conhecemos eu perdi seu tel.” “Mentira – num tom de brincadeira. – Você não ligou porque não gostou de
mim.” “Claro que não foi
isso. Até porque se eu não tivesse simpatizado com você eu não te ligaria hoje,
não é verdade?” “Hum, vou fingir que acredito. Sua namorada não está aí não,
está?” “Não. Quero dizer,
eu não tenho namorada.” “Nossa! Um rapaz tão bonito e inteligente como você
não tem namorada? Que desperdício!” “Assim você me deixa sem graça.” “Não liga não, eu sou
assim mesma. Um pooouco espontânea – irônica. – Me ligou para me chamar
para ir ao cinema?” “Você
não acha que é cedo demais – falou Geisel, mas logo se arrependeu.” “Parece
que você não é muito aberto a novas amizades, não, né – disfarçou ela, com
uma normalidade incrível.” Eis o que mais cativou Geisel: a espontaneidade com
que Jéssica conversava. “Me desculpe, eu não quis ser grosso. Quando podemos
sair? – contornou Geisel.” “Quando quiser.” Ele estranhava a facilidade com que estava ganhando Jéssica.
“Desculpe perguntar, mas quantos anos tem?” “E isso é pergunta que se faça a
uma dama? – riu. – Estou brincando. Eu tenho dezenove, e você?” “Eu tenho vinte.” “Pensei que
fosse mais velho. Não que pareça fisicamente mais velho, mas você parece ser
bem maduro.” “Obrigado
pelos elogios. Você também parece ser bem legal.” “Só isso! Legal?!”
“Eu não te conheço direito pra falar mais, uai. Quem sabe daqui alguns dias não
estou te fazendo outros elogios.” “Tomara.” Marcaram de ir juntos e sozinhos ao
cinema. No sábado à noite – em três dias –, Jéssica e Geisel sairiam juntos.
6 –
Geisel entrou em seu Chevette rebaixado e foi à universidade. Eu não estou com ânimo
para estudos – pensava ele dentro do carro em movimento. Ia pela Avenida
Segismundo Pereira. Descia. Não, hoje eu não vou à aula – concluiu. Era no momento quase sete horas da noite, horário em que as
aulas começavam. Passou direto pelo campus, que se encontrava no fim da avenida
por onde descia. Pegou a avenida João Naves e foi por ela. Passou pela
prefeitura da cidade, por um hiper mercado (perto do principal shopping da
cidade) e continuou. Pensou em entrar pelo estacionamento do shopping, parar e
andar um pouco, mas: “Não, no shopping não” – decidiu. Passou direto. Foi indo,
com seu Chevette prateado,
modelo 89, pela João Naves. Só
virou quando chegou quase no fim da João Naves, entroncamento com avenida
Floriano Peixoto. Quando chegou próximo à praça Tubal Vilela, decidiu
estacionar, um quarteirão antes. Desceu do carro e caminhou devagar rumo à
praça. Quando lá chegou, escolheu um banco e se sentou. A praça estava quase
deserta. As luzes amarelas clareavam o local. É! Quinta feira. Depois de amanhã
eu saio com Jéssica. Enquanto isso, aproveitemos... Mas de que maneira? Hum, quinta universitária. Isso! Hoje tem
festa universitária no London!
– uma boate renomada da cidade. – Começa aproximadamente onze horas – pensava.
– Vou ter que esperar... Vou dar umas voltas pela cidade... – Avistara quando
chegara à praça uma banquinha de cachorro-quente. Era o que iria fazer: comer
cachorro-quente e deixar o tempo passar. Depois... As horas passaram. Deram onze
e vinte. Geisel, já dentro de seu automóvel, pensou em ir à boate, logo ali,
pertinho. Foi.
7 –
São dez horas da manhã. E ainda Geisel dorme. São dez horas
da manhã de uma sexta-feira. Está acordando. Boceja, levanta os braços
(estica-os o máximo possível), coloca o travesseiro no rosto, tampando-o.
Tira-o e olha o relógio. Sim, Geisel, já são dez e dois... Aparenta estar com
sono. Até parece que não dormiu. Nossa, não dormi nada – pensa. Lá no London, conhecera uma garota e foram
para o motel. É isso mesmo? Ele bebera muito. Como era mesmo o nome da garota?
– não se lembra. Geisel não trabalhava nessa sexta-feira. Em seu rosto um ar de
despreocupação. Tenho um trabalho de Geografia
política pra entregar. Vou aproveitar e fazer ele hoje. E se der tempo, vou
à casa de Andressa... Estou com saudade dela... Foi ao banheiro lavar o rosto, escovar os dentes,
arrumar-se, vestir roupa. Depois, faria o trabalho.
8 –
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* Dia 21 de julho, aqui n'O BULE, a continuação do folhetim Meus olhos verdes.
4 comentários:
Hummmm quer dizer então que ele não é tão quietinho quanto eu pensava....interessante. Ah, mas é claro, ele é mineiro...."come quieto" rsrsrsrs.
Vamos ver no que vai dar...mas na minha cabeça já tenho uma visão do que pode acontecer...um cara, duas mulheres, traição, amizade mal vista...sei não!!! Aguardar cenas dos próximos capítulos!!!rsrs
Inté, Michele.
indeciso com uma e reparando na beleza da outra...iii pode ficar sem as 2,ou pode ficar com a errada...que final vai ser??
Olá, Michele e Rafaela,
muitíssimo - mais uma vez - obrigado pelos comentários.
Bêjo!
Geisel se mostrou menos "ideal" dessa vez. Ótimo. xD Já me basta o romantismo à "A moreninha". xD Não preciso de mais Augustos. xD Nem você me parece ser um Macedo, Rogers.
Agora sobre o texto especificamente por que tanto rodeio? Por que tal parecido comigo nesse sentido? Hahaha.
Abraço, André.
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